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A Emendocracia Brasileira: Como as Emendas Moldam a Política Nacional

Por Elias Tavares, cientista político

Nos últimos dias, assistimos a um movimento no Congresso Nacional que revela um fenômeno cada vez mais presente na política brasileira: a “emendocracia”. O governo federal anunciou a liberação de R$ 7,5 bilhões em emendas parlamentares em uma semana decisiva para a votação das reformas tributária e fiscal. Coincidência? Dificilmente. Essa dinâmica, que transforma a política em uma negociação financeira explícita, merece uma análise profunda — e um olhar crítico.

O Que é a Emendocracia?

A emendocracia pode ser entendida como a prática de usar emendas parlamentares como moeda de troca para aprovação de pautas prioritárias do governo. Em vez de diálogo, articulação política ou visão estratégica, o que move as decisões no Congresso é a liberação de recursos que, em sua maioria, atendem a interesses específicos e regionais, e não a um plano de país.

Na prática, isso significa que o Executivo só consegue avançar em reformas estruturais se ceder à pressão do Legislativo. Assim, o Brasil se aproxima de um semipresidencialismo de fato, como já sugeriu o presidente da Câmara, Arthur Lira. Nesse modelo, o Congresso controla o governo — e a moeda de troca são as emendas.

O Fim dos Grandes Articuladores

Por outro lado, a “emendocracia” também reflete a ausência de lideranças políticas capazes de construir consensos no Congresso sem recorrer ao dinheiro público. Grandes articuladores, como Michel Temer, Ulysses Guimarães e José Sarney, marcaram épocas em que as negociações eram feitas na base do diálogo e da confiança, e não de transferências bilionárias.

Esses líderes conseguiam aprovar reformas significativas porque tinham habilidade política e autoridade moral. No entanto, hoje vemos um Congresso fragmentado, onde interesses individuais e eleitorais prevalecem. Sem essas figuras articuladoras, o governo precisa liberar bilhões em emendas para garantir apoio — e quem paga essa conta é o cidadão.

Por Que Isso É Um Problema?

O fisiologismo que sustenta a emendocracia prejudica a governabilidade e afeta diretamente o planejamento de longo prazo do Brasil. Por exemplo, enquanto bilhões são direcionados a demandas parlamentares, setores essenciais, como saúde e educação, enfrentam restrições orçamentárias. Além disso, o uso excessivo de emendas enfraquece o papel do Congresso como instituição legislativa.

Consequentemente, reformas aprovadas sob esse modelo fisiológico frequentemente não refletem o interesse nacional, mas sim interesses paroquiais. Assim, o custo para o país não é apenas financeiro, mas também institucional.

O Caminho Para a Recuperação Política

Diante desse cenário, resgatar a essência da política como instrumento de transformação social exige mudanças urgentes. Em primeiro lugar, é fundamental limitar o uso de emendas como moeda de troca. Em seguida, é necessário valorizar lideranças políticas que tenham a capacidade de articular consensos com base no diálogo. Além disso, é crucial revisitar o papel do Congresso, para que ele volte a funcionar como uma instância representativa e não como um balcão de negócios.

Por fim, qualquer tentativa de superar o fisiologismo deve ser acompanhada de um esforço coletivo para fortalecer as instituições democráticas e promover maior transparência nas relações entre os poderes.

Conclusão: A Reflexão Necessária

A “emendocracia” é o retrato de um sistema político que perdeu sua essência. Portanto, é hora de repensar as relações entre Executivo e Legislativo e recuperar o foco no interesse público. O Brasil não pode continuar refém de práticas que minam a confiança da população nas instituições e comprometem o futuro do país.

Se você também acredita que é preciso mudar a forma como fazemos política no Brasil, compartilhe este texto e participe desse debate. Juntos, podemos exigir uma política mais transparente, ética e voltada para o bem comum.

Especialista em marketing político e organização partidária, Elias faz análises e discute o cenário político atual Natural de São Paulo, o cientista político Elias Tavares, 38 anos, tem se consolidado como um dos principais nomes na área de análise política, gerando debates fundamentais sobre o cenário político nacional e local. Além de comentarista, Elias também atua com marketing político e organização partidária, ajudando a moldar a imagem pública e a mensagem das campanhas. “A comunicação é a peça chave para conquistar a confiança do eleitorado. Cada detalhe conta, desde o discurso até a forma como ele é transmitido,” afirma. Com uma carreira marcada por análises especializadas em dinâmicas eleitorais, Elias aplica seu conhecimento tanto na teoria quanto na prática. Ele se destaca pela habilidade de criar estratégias eficazes para candidatos e partidos, garantindo que suas mensagens alcancem o público-alvo. Atualmente, o principal foco do especialista são as eleições municipais, que vão eleger prefeitos e vereadores. “As eleições municipais impactam o cotidiano dos cidadãos. É essencial que os eleitores estejam bem informados sobre as propostas e a trajetória dos candidatos,” ressalta Tavares. Sua atuação não se restringe ao período eleitoral. Elias já atuou na campanha de políticos eleitos, além de participar de seminários e conferências como palestrante. “Estamos vivendo um momento de grande transformação política. É fundamental que todos estejamos engajados e informados sobre o que está acontecendo ao nosso redor,” conclui.

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