Crescimento de Ricardo Nunes Reflete a Força da Campanha de TV e Capilaridade Política
A última pesquisa do Datafolha divulgada sobre a eleição para a prefeitura de São Paulo trouxe um dado importante: o crescimento significativo do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), impulsionado pelo início da campanha eleitoral gratuita na TV. Mais do que os números absolutos, o movimento transmitido sinaliza a consolidação de uma influência clássica em campanhas eleitorais no Brasil: a força do “corpo a corpo” e da capilaridade política.
Com o início das propagandas eleitorais na rádio e, especialmente, na televisão, a campanha de Nunes de fato “ganhou a rua”. O prefeito possui a maior coligação da eleição, com mais de 670 candidatos a vereador, número que o coloca em uma posição estratégica, com um “exército” eleitoral massivo distribuído por toda a cidade. Isso significa que, ao mesmo tempo em que ele se beneficia de sua exposição nas mídias tradicionais, cada um desses candidatos também carrega o nome do prefeito nas suas bases, potencializando a presença de sua campanha nos bairros e nas conversas do cotidiano.
A capilaridade política é um elemento crucial nesse contexto. Enquanto Nunes se apresenta como o candidato que mais aparece na TV — com mais de seis minutos de tempo diário de propaganda eleitoral gratuito —, aliado seus multiplicam esse alcance nas ruas. Somados, os demais candidatos não chegam perto do tempo de exposição que o prefeito tem, o que reflete um desequilíbrio significativo na disputa.
Outro ponto importante que favorece Nunes é o apoio do governador Tarcísio de Freitas. A adesão de Tarcísio à campanha de Nunes representa uma transferência de reputação e votos que, pelo visto, foram bem sucedidos. Esse tipo de aliança é tradicional nas eleições, e quando um governador forte embarca na campanha de um prefeito, o reflexo nas pesquisas costuma ser positivo. Além disso, como atual prefeito, Nunes tem uma máquina pública a seu favor, o que lhe fornece uma base sólida para a execução de sua campanha e o fortalecimento de sua imagem de gestor.
Enquanto isso, o candidato Pablo Marçal (PRTB) parece sentir os efeitos de não ter uma estrutura complexa. Sua campanha, focada nas redes sociais, enfrenta dificuldades em se manter competitiva diante da ausência de um exército de candidatos a vereador e do tempo de televisão que sustenta seu nome no debate eleitoral. A queda nas intenções de voto registrado pela pesquisa pode ser vista como um reflexo dessa ausência de “campanha na rua”. Marçal, que inicialmente surgiu como um outsider com forte presença digital, pode estar enfrentando a realidade de que, em um cenário como o de São Paulo, a capilaridade política e a exposição midiática ainda desempenham um papel central.
A dinâmica eleitoral começa a se reorganizar em torno dos elementos tradicionais da política. A maior coligação, o maior número de candidatos a vereador e o maior ritmo de televisão continuam sendo os pilares que sustentam uma campanha vitoriosa, especialmente em uma cidade do porte de São Paulo. Embora ainda seja cedo para alcançar resultados definitivos, o cenário indica que a força da máquina e das alianças tradicionais tendem a predominar.
Para Nunes, esse crescimento não apenas reflete a eficácia de sua estratégia como também reforça o poder das campanhas tradicionais de rua, em um momento em que se questionam se as redes sociais, por si só, podem garantir o sucesso de uma candidatura.
