Está Dada a Largada: A Propaganda Eleitoral de 2024 e os Desafios da Democracia Digital
Por Elias Tavares, Cientista Político
O dia 16 de agosto marca o início oficial das campanhas eleitorais de 2024, um momento decisivo em que os candidatos a prefeitos e vereadores podem finalmente levar suas mensagens às ruas e às redes. Essa largada não apenas inaugura o período de propaganda eleitoral, mas também abre a porta para um cenário político complexo e repleto de desafios, especialmente em um ambiente cada vez mais dominado pelo digital.
Estamos prestes a testemunhar uma eleição polarizada como poucas vezes vimos na história recente. Nas grandes capitais, o confronto entre visões de mundo opostas, muitas vezes simplificadas em uma dicotomia entre esquerda e direita, promete ser o fio condutor das campanhas. A política do ataque, do confronto direto, parece ser o caminho escolhido por muitos candidatos, o que pode transformar o debate público em uma arena de ódio e divisão.
Em paralelo, a internet surge como um campo de batalha onde cada segundo conta. A eleição de 2024 será, sem dúvida, a mais influenciada pela era digital até o momento. Candidatos estão focados em criar momentos de “lacre”, clipes curtos e impactantes, prontos para serem viralizados nas redes sociais. No entanto, é crucial destacar que a popularidade online não se traduz automaticamente em votos. Curtidas e comentários não são sinônimos de apoio eleitoral, e aqueles que se iludem com essa métrica podem se deparar com uma realidade muito diferente no dia da eleição.
Ainda que a internet tenha um papel central nesta campanha, a política não pode ser reduzida a um espetáculo digital. Propostas concretas e a construção de uma conexão genuína com o eleitorado continuam sendo fundamentais para o sucesso eleitoral. Aqueles que se limitarem ao “hype” das redes correm o risco de se perderem na superficialidade e não conseguirem converter sua popularidade digital em resultados nas urnas.
Outro ponto que merece reflexão é a crescente influência das big techs, com destaque para a Google, que se posiciona como uma das principais beneficiadas neste cenário. A eleição de 2024 será, em grande parte, moldada por algoritmos, e quem dominar as ferramentas digitais terá uma vantagem competitiva considerável. No entanto, isso não significa que a campanha se resuma a esse aspecto. A política é, e sempre será, uma arena onde o contato humano e a empatia têm um papel crucial.
Em resumo, estamos diante de uma eleição onde o “vale-tudo” eleitoral se manifestará tanto no espaço físico quanto no digital. Contudo, para aqueles candidatos que realmente desejam fazer a diferença, a chave será equilibrar a presença digital com a autenticidade e a substância das suas propostas. O Brasil merece uma eleição onde o debate de ideias prevaleça sobre a superficialidade, e onde o eleitor possa fazer escolhas informadas e conscientes.