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Ex-presidente do PSDB Paulistano, José Henrique Reis Lobo, Faz Duríssimas Críticas à Condução do Partido e Questiona Futuro da Legenda

Por José Henrique Reis Lobo e Elias Tavares

O PSDB, que já foi um dos maiores partidos do Brasil, responsável pelo eleito Fernando Henrique Cardoso duas vezes, sendo o único presidente reeleito no primeiro turno, agora vive um momento de crise profunda. Em São Paulo, onde o PSDB governou o estado por mais de duas décadas — com dois mandatos de Mário Covas, três de Geraldo Alckmin e um de José Serra — o partido sempre foi sinônimo de força e governabilidade. No entanto, nas eleições de 2024, o PSDB sofreu uma derrota avassaladora, sem conseguir eleger nem um vereador e com o seu candidato à prefeitura obteve menos de 2% dos votos.

José Henrique Reis Lobo, tucano histórico e ex-presidente do PSDB municipal, escreveu um desabafo que resume o sentimento de frustração e desolação que muitos militantes e ex-militantes do partido sentiram naquele momento. Suas palavras são diretas e críticas à condução que levou o partido ao colapso. O “José” ao qual ele se refere no texto é José Aníbal, uma figura que, com suas decisões autoritárias e interesses pessoais, acelerou o esvaziamento do partido.

Conforme Lobo indica:

“De nada adiantaram os alertas de que as chances foram mal calculadas e que a candidatura de José Luiz Datena foi fadada a um fracasso retumbante, amargando um pífio último lugar nas eleições ocorridas ontem em São Paulo e no Brasil. Vocês insistiram, pensando, talvez , não na sobrevivência do PSDB, mas em como seus projetos pessoais se encaixaram no momento seguinte ao funeral, porque, para vocês, o partido nunca passou de uma abstração, de tal modo que, vivo ou morto, tanto fez como tanto fez.”

Essa crítica direta atinge em cheio as escolhas feitas por Aníbal, que, segundo Lobo, priorizou interesses pessoais em vez de zelar pelo futuro do PSDB. Eu, Elias Tavares, que fui líder da Juventude do PSDB em 2008, vivenciei um partido que, embora enfrentasse disputas internas, ainda era pujante e relevante. Naquele ano, sob a liderança de Lobo, consegui consolidar a candidatura de Geraldo Alckmin à prefeitura, e o partido ainda elegeu 12 vereadores. Hoje, a situação é completamente diferente. A candidatura de Datena, um nome sem identificação com o partido e que já passou por 11 legendas, foi um desastre anunciado.

Lobo continua em sua crítica:

“O mandonismo que tomou conta do partido, justo por aqueles que deveriam zelar pela integridade de sua democracia, foi o momento da punhalada certeira com que dirigentes desleais, incompetentes e personalistas decretaram a sua morte, mesmo que não tendo requisitos éticos para fazê-lo , porque eram devedores muito mais que credores e acabaram se tornando os traidores de uma ideia por tanta gente acalentada.”

Eu compartilho esse sentimento de tristeza. O PSDB, que sempre teve uma militância aguerrida, que já foi uma verdadeira grife na política paulista e nacional, agora está vazio. José Aníbal, com sua condução autoritária e decisões que colocaram o partido em segundo plano, precipitou esse colapso. Ao invés de buscar o fortalecimento do PSDB, ele alimentou uma crise interna e tentou expulsar figuras importantes, como Marconi Perillo, o que só acelerou a queda.

Lobo finaliza seu desabafo de forma contundente:

“A intervenção no partido na hora da eleição, a supressão da convenção para a escolha dos candidatos e sua substituição por alguém que não representava o todo foi, na verdade, um atentado contra a existência do PSDB, porque ao invés de construir um grande e digno projeto, vomitaram no prato em que comeram. Agiram como ditadores bem ao estilo de Nicolás Maduro, arvoraram-se em superiores e conhecedores do que era bom para si, para o partido e para outros e agiram como simios em loja de louças.”

O PSDB, que já governou São Paulo há mais de 20 anos e sempre esteve no centro das disputas eleitorais, agora é irreconhecível. Como cientista político e ex-membro do partido, analisa essa situação com pesar. Embora eu não tenha mais filiação partidária, é impossível não sentir tristeza ao ver o fim de uma legenda que foi tão importante para São Paulo e para o Brasil.

O futuro do PSDB é incerto. Como Lobo menciona, talvez seja a hora dos responsáveis ​​por essa derrocada pedirem desculpas aos militantes que sustentaram o partido por tanto tempo. Caso contrário, o que restará será apenas a memória de um gigante que, por anos, dominou a política paulista e brasileira, mas que agora pode estar em seus últimos momentos de relevância.

Especialista em marketing político e organização partidária, Elias faz análises e discute o cenário político atual Natural de São Paulo, o cientista político Elias Tavares, 38 anos, tem se consolidado como um dos principais nomes na área de análise política, gerando debates fundamentais sobre o cenário político nacional e local. Além de comentarista, Elias também atua com marketing político e organização partidária, ajudando a moldar a imagem pública e a mensagem das campanhas. “A comunicação é a peça chave para conquistar a confiança do eleitorado. Cada detalhe conta, desde o discurso até a forma como ele é transmitido,” afirma. Com uma carreira marcada por análises especializadas em dinâmicas eleitorais, Elias aplica seu conhecimento tanto na teoria quanto na prática. Ele se destaca pela habilidade de criar estratégias eficazes para candidatos e partidos, garantindo que suas mensagens alcancem o público-alvo. Atualmente, o principal foco do especialista são as eleições municipais, que vão eleger prefeitos e vereadores. “As eleições municipais impactam o cotidiano dos cidadãos. É essencial que os eleitores estejam bem informados sobre as propostas e a trajetória dos candidatos,” ressalta Tavares. Sua atuação não se restringe ao período eleitoral. Elias já atuou na campanha de políticos eleitos, além de participar de seminários e conferências como palestrante. “Estamos vivendo um momento de grande transformação política. É fundamental que todos estejamos engajados e informados sobre o que está acontecendo ao nosso redor,” conclui.

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