Os últimos dias trouxeram movimentações importantes de Lula e Bolsonaro que ajudam a traçar o caminho da disputa presidencial de 2026. De um lado, o governo federal realizou uma mini-reforma ministerial que reforçou ainda mais o viés à esquerda da gestão, afastando-se de setores mais moderados. Do outro, Bolsonaro promoveu um ato massivo no Rio de Janeiro pedindo anistia para os investigados do 8 de janeiro, consolidando sua posição entre os apoiadores mais fiéis. Ambos os líderes, no entanto, seguem falando quase exclusivamente para suas bases. Mas é essa a estratégia vencedora?
Os números da eleição de 2022 mostram que a vitória de Lula não veio por adesão massiva, mas por ser a opção com menor rejeição no segundo turno. No primeiro turno, Lula obteve 57,2 milhões de votos (48,43%), enquanto Bolsonaro teve 51 milhões (43,2%). No segundo turno, o petista venceu com 60,3 milhões de votos (50,9%) contra 58,2 milhões (49,1%). Entretanto, a abstenção também foi massiva: cerca de 32 milhões de brasileiros não compareceram às urnas em cada turno, um número expressivo que indica que muitos eleitores não se sentiram representados por nenhum dos dois candidatos.
Olhando para 2026, esse padrão deve se repetir. O eleitorado que não se identifica completamente com os extremos será o fiel da balança. Lula e Bolsonaro, para vencer, precisarão expandir seus discursos e estratégias para conquistar esse público. No caso de Lula, o desafio será entregar resultados concretos na economia e construir pontes com setores de centro, algo que sua última reforma ministerial não buscou fazer. Já Bolsonaro precisará aprender com os erros de 2022 e encontrar formas de dialogar com o eleitorado flutuante, além de ampliar sua base sem radicalizar ainda mais seu discurso.
A grande questão para 2026 é se esse cenário continuará preso à polarização ou se haverá espaço para uma candidatura que represente o centro, canalizando o desgaste de ambos os lados. Fato é que a eleição não será vencida apenas pela mobilização das bases fiéis. A estratégia que melhor dialogar com o eleitor que rejeita os extremos terá vantagem.
Seja com Lula e Bolsonaro novamente no centro do palco, ou com um novo nome tentando romper a polarização, uma coisa já está clara: quem decidirá a eleição de 2026 não está nem na esquerda, nem na direita.