Tempo de TV: Ter ou Não Ter? Eis a questão.

Após o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) divulgar o tempo de TV destinado a cada candidato na disputa pela prefeitura, torna-se fundamental refletir sobre o peso desse recurso em um cenário eleitoral cada vez mais digital. Se por um lado o tempo de TV continua sendo valioso, por outro, a ascensão das redes sociais está redesenhando as estratégias de campanha. Vamos analisar os números e suas implicações.

Distribuição do Tempo de TV e Inserções:

1. Ricardo Nunes (MDB): 6 minutos e 30 segundos
   • Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, conta com 6 minutos e 30 segundos de tempo de TV, o maior entre todos os candidatos, reflexo de uma coligação ampla. Além dos blocos tradicionais de horário eleitoral, Nunes também terá o maior número de inserções ao longo do dia, o que significa que sua mensagem será constantemente reforçada para os eleitores que assistem televisão. Isso lhe dá uma vantagem estratégica significativa, permitindo expor suas realizações e propostas em detalhes. Porém, o desafio é garantir que esse tempo se converta efetivamente em votos, especialmente em um contexto onde o eleitorado é cada vez mais ativo online.
2. Guilherme Boulos (PSOL): 2 minutos e 22 segundos
   • Com 2 minutos e 22 segundos, Boulos aparece como o segundo maior tempo de TV. Ele também se beneficiará de um número considerável de inserções ao longo do dia, que servirá para reforçar sua narrativa junto aos eleitores. No entanto, assim como Nunes, Boulos precisará equilibrar essa exposição na televisão com uma presença forte nas redes sociais, onde já possui um engajamento significativo.
3. José Luiz Datena (PSDB): 2 minutos e 10 segundos
   • Datena, com 2 minutos e 10 segundos de tempo de TV, tem uma oportunidade importante para fortalecer sua imagem como candidato. Suas inserções ao longo do dia também serão frequentes, mas o desafio será se distanciar da figura midiática e convencer o eleitorado de que pode ser um gestor público eficaz.
4. Tabata Amaral (PSB): 30 segundos
   • Com apenas 30 segundos de tempo de TV, Tabata Amaral enfrenta um grande desafio. Suas inserções serão poucas, o que exigirá uma estratégia de comunicação extremamente eficaz. Tabata precisará utilizar ao máximo sua habilidade em se conectar com os eleitores nas redes sociais para compensar essa limitação.
5. Pablo Marçal (PRTB): Sem Tempo de TV
   • Pablo Marçal, por sua vez, não terá nenhum tempo de TV ou inserções ao longo do dia. Ainda assim, ele se destaca como um fenômeno nas redes sociais, o que o coloca em uma posição única na disputa. As pesquisas recentes, tanto do Datafolha quanto do Paraná Pesquisas, mostram um crescimento significativo de Marçal, que passou de 14% para 21% das intenções de voto. Esse avanço ilustra como a força das redes sociais pode, em alguns casos, rivalizar com a exposição na TV.

Marçal utiliza a internet de forma magistral, com recortes de vídeos, falas impactantes e uma presença constante que lhe permite alcançar e engajar um grande número de eleitores. Sua campanha digital, cheia de acusações, provocações e estratégias de marketing político, desafia diretamente os candidatos que dependem mais do tempo de TV.

Reflexão Sobre a Relevância do Tempo de TV:

A importância do tempo de TV nas campanhas eleitorais sempre foi incontestável, especialmente quando se trata de atingir eleitores que não são tão engajados online. No entanto, com a crescente penetração da internet e das redes sociais, a dinâmica mudou.

Os blocos de horário eleitoral e as inserções ao longo do dia ainda oferecem uma vantagem significativa, especialmente porque atingem eleitores de forma involuntária. Quando se liga a televisão, as mensagens dos candidatos são transmitidas independentemente do interesse do espectador, o que pode reforçar a presença desses candidatos na mente do eleitorado.

Entretanto, a ausência de tempo de TV não significa a ausência de campanha forte. Marçal prova que é possível construir uma candidatura competitiva utilizando exclusivamente as redes sociais. A questão agora é como os outros candidatos responderão a essa nova realidade. Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, em particular, precisarão encontrar maneiras de maximizar seu tempo de TV enquanto reforçam sua presença digital para contrapor a força de Marçal na internet.

O Futuro das Campanhas: Um Equilíbrio Entre TV e Internet?

A campanha de 2024 em São Paulo pode marcar um ponto de inflexão na política brasileira, onde o tempo de TV ainda é um ativo valioso, mas a internet começa a se destacar como um campo de batalha igualmente crucial. Ter ou não ter tempo de TV? Essa é uma questão que depende cada vez mais da habilidade dos candidatos em equilibrar suas estratégias entre o digital e o tradicional.

Neste cenário, o sucesso não será apenas medido pelo tempo de TV, mas pela capacidade de adaptação e inovação nas campanhas. Os candidatos que conseguirem harmonizar esses dois mundos estarão melhor posicionados para vencer, provando que, em uma eleição, todos os recursos são importantes e nenhum deve ser subestimado.